quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010



FAZENDO E APLICANDO RÉPLICAS DE PEDRAS

Este tutorial cuida de dois métodos para a feitura e aplicação de réplicas personalizadas, com moldes feitos pelo próprio ferromodelista a partir de pedras interessantes e bem detalhadas, colhidas no quintal de casa, num terreno baldio, num bosque etc.

O primeiro, sobre o qual escrevi um pequeno artigo em 1993, publicado no n° 80 da revista Centro-Oeste, de Flávio Cavalcanti, baseia-se na técnica da moldagem com látex (borracha líquida muito utilizada na confecção de máscaras carnavalescas), que aprendi no excelente How To Build Realistic Model Railroad Scenerey, de Dave Frary. O segundo, que utiliza a denominada borracha de silicone, também em estado líquido, é o preferido por José Balan Filho, autor da maior (1,60 por 5m), mais completa e mais bem decorada maquete ferroviária brasileira feita por uma só pessoa de que tenho notícia. Foi Balan quem me alertou para esta técnica e me forneceu as dicas básicas para testá-la na moldagem de pedras.

Moldagem com látex

Os moldes de látex são feitos aplicando-se sobre a peça original pelo menos cinco demãos do produto, reforçadas com tela Escócia (uma talagarça de algodão de malhas abertas, que precisa ser previamente lavada para desengomar-se), ou gaze cirúrgica, inserida entre a terceira e a quarta camada. Entretanto, quando se pretende fazer várias reproduções ou a pedra original é de grande tamanho, o ideal são 10 demãos, com o reforço colocado entre a 6a e a 7a camada.

Alguns ferromodelistas rejeitam o molde de látex sob a alegação de que, em razão de sua excessiva flexibilidade, tende a deformar-se quando armazenado. Tal inconveniente pode ser facilmente contornado acondicionando-se o molde num lugar seco, a salvo de pressões externas (ver item 4, abaixo). Em se tratando de um molde de 10 camadas destinado a inúmeras reproduções, principalmente se for de grande tamanho, vale a pena perder um pouco de tempo criando um “recheio” e uma “cama” de gesso para protegê-lo, da seguinte forma:

a) para o recheio, faça uma cópia, como explicado item 5, mais abaixo, tendo o cuidado de nivelá-la com as bordas do molde, e deixe-a secar nele;

b) quando a cópia estiver seca, deposite o conjunto num recipiente, com o molde para cima, de acordo com as diretrizes do item II do tópico Moldagem com borracha de silicone;

c) para moldar a cama, encha o recipiente com gesso diluído a 1:1 até as bordas, deixando-o secar completamente antes de remover todo o conjunto;

d) ao guardar o molde, observadas as recomendações constantes do último parágrafo do item 4, abaixo, ajuste-o na cama e encaixe nele o recheio; a cama pode ser utilizada ainda para evitar deformações no processo de vazamento de réplicas avantajadas.

Na época em que escrevi o artigo referido no intróito deste tutorial, era preciso aguardar a vulcanização de cada demão por 24 horas para se dar a seguinte. Atualmente, porém, existem no mercado látices pré-vulcanizados, como o produzido pela DU LÁTEX, de São Paulo, que admitem o intervalo de cerca de uma hora entre as demãos, mormente se a secagem for submetida a ventilação forçada.

O látex é aplicado com uma trincha de largura adequada à matriz, umedecida com “água fluida” (água tornada mais fluida com a adição de duas colheres de chá de detergente por litro) para evitar que o produto grude demais nas cerdas, que devem ser lavadas em seguida com água quente, sabão e tíner, se necessário, para não perderem a serventia. Quando estou trabalhando com látex costumo ter à mão quatro ou cinco trinchas baratas de várias larguras, que, depois de usadas, mergulho no tíner para talhar a borracha e facilitar sua remoção com uma escova de aço, antes da cuidadosa limpeza com água quente e sabão (e escova de aço, se houver necessidade). Não tenha receio de separar as cerdas da trincha para remover os resíduos de látex: se forem bem limpas, elas voltarão à posição normal.

São estes os passos para a elaboração de um bom molde de látex, modelagem de uma cópia em gesso e sua anexação à maquete.

1 – Depois de bem lavada e escovada (com uma escova dura, como as de aço ou latão), para livrá-la dos resíduos de areia e matéria orgânica, fixe a pedra com massa de modelar a uma base plana (tábua, vidro, papelão grosso etc.), a fim de mantê-la na posição desejada.

2 – A primeira demão de látex, aplicada com a pedra ainda úmida, é a mais importante, por ser a responsável pela exatidão dos detalhes. Assim, deve ser o mais fina possível para se entranhar em todas as fendas, fissuras e reentrâncias do original. Convém espessar as camadas seguintes, deixando o produto repousar por cerca de dois minutos na vasilha em que foi vertido para a aplicação e repassando as pinceladas. O látex, tanto da primeira como das demais demãos, deve ultrapassar em pelo menos um centímetro os limites da área a ser reproduzida, aparando-se a sobra ao final do trabalho.

3 – Na moldagem mais rápida, dada a terceira demão, é hora de aplicar o reforço, um pedaço tela Escócia (ou gaze), de área um pouco maior do que a da superfície que se quer reproduzir, o qual é colocada sobre o látex ainda fresco e forçado a se incrustar nele com trincha (ou com os próprios dedos, pois o produto não é tóxico). A seguir, borrife o reforço com “água fluida” e aplique sobre ele a quarta demão de látex, cruzando-se as pinceladas para torná-la o mais espessa possível.

4 – Depois da quinta demão (ou da sexta, se lhe parecer que o reforço necessita de maior proteção), deixe o molde secar bem antes de destacá-lo, levantando-o aos poucos da pedra pelas bordas. Apare as sobras e, se não for usar logo o molde, polvilhe-o interna e externamente com talco e acondicione-o num lugar seco, protegendo-o contra pressões que possam deformá-lo (numa caixa de papelão, por exemplo, cercado de bolinhas de isopor; ou acamado com recheio, como explicado na introdução a este tópico). Toda vez que utilizar o molde, lave-o com capricho, cuidando de remover quaisquer resíduos de gesso, e seque-o muito bem, por dentro e por fora, antes de polvilhá-lo com talco e guardá-lo, a fim de evitar o mofo.

5 – A cópia é feita com gesso de boa qualidade (eu gosto do gesso estuque), diluído a 1:1 (uma parte de gesso para uma parte de água fria) numa vasilha de plástico flexível, dessas que se podem adquirir em lojas de material artístico ou de artigos odontológicos. Coloque primeiro a água e sobre ela despeje o gesso aos poucos. Depois que o líquido absorver o pó, mexa a mistura, lenta e suavemente, para evitar a formação de bolhas de ar, até que ela comece a engrossar (cerca de um minuto e meio), momento em que deverá ser vazada no molde.

6 – Se a área escolhida for recoberta de gesso, você pode aplicar-lhe a pedra moldada logo em seguida, “a fresco”, como costumo dizer: umedeça o local e espalme o molde com seu conteúdo sobre ele, fazendo uma leve pressão para que a base ainda fresca da réplica se ajuste ao relevo da área, essencial para uma boa adesão (caso o relevo da área seja muito acentuado, convém nivelá-lo previamente com uma camada de gesso). Só retire o molde quando a pedra moldada tenha aderido e esfriado o suficiente para se soltar dele sem dificuldade e sem danos, o que ocorre cerca de dez ou quinze minutos.

7 – Se a área não for recoberta de gesso, deixe a réplica endurecer no molde. Para aplicá-la à maquete observe as dicas do José Balan Filho, expostas no item VII do tópico seguinte.





Moldagem com borracha de silicone

I – Depois de limpar a pedra (ver item 1 do tópico anterior), cubra a parte que não pretende reproduzir com uma camada de desmoldante ou, na falta deste, de vaselina em pasta dissolvida em tíner ou benzina a 1:9 (uma parte de pasta para nove do solvente).

II – No método mais simples de moldagem com borracha de silicone, a pedra, após os procedimentos iniciais, é colocada, com a parte a ser reproduzida para cima, num recipiente cujas paredes fiquem afastadas pelo menos 8mm de seus pontos extremos e cujas bordas se situem a no mínimo 15mm acima de seu topo. Tal recipiente, denominado de “estrutura de contenção” ou “pré-molde” pelos técnicos, pode ser de madeira, plástico, metal, cartão encerado ou outro material apropriado, e deve receber também uma camada de vaselina em pasta no fundo e nas paredes, para facilitar a remoção de todo o conjunto no final da operação.

III – Prepare uma quantidade adequada de gesso, como explicado no item 5 do tópico anterior, e verta-a no pré-molde, até atingir a altura delimitada pela camada de vaselina, tendo o cuidado de evitar que respingue na parte a ser reproduzida, e deixe que seque durante uma hora, pelo menos.

IV – A borracha de silicone para a confecção de moldes é um líquido espesso, vendido em embalagens plásticas, de 1 kg no mínimo, juntamente com um frasco contendo a quantidade de catalisador necessária para provocar a solidificação da porção embalada.

Pese uma vasilha (de plástico, metal, porcelana, cartão encerado etc.) e despeje nela o tanto de borracha suficiente para encher o resto do pré-molde e cobrir o topo da pedra até 10mm acima de seu topo (é preferível errar para mais que para menos). Pese a vasilha com o silicone, desconte do total o valor da primeira pesagem para obter o peso líquido do conteúdo, a fim de calcular a quantidade de catalisador que lhe deverá ser acrescentada, aplicando a conhecida regra de três. Por exemplo: se, para solidificar corretamente 1.000g de borracha são necessários 30g de catalisador, para 220g você precisará de apenas 6,6g (1.000/30 = 220/x → x = 30 × 220 ÷ 1.000 = 6,6). O catalisador em excesso faz com que a borracha endureça rápido demais, reduzindo o tempo de manuseio, ao passo que sua deficiência atrasa a solidificação, podendo até mesmo impedir que se complete, deixando a massa pastosa para sempre.

V – Adicione o catalisador à borracha e misture bem com uma espátula limpa até que adquira textura e coloração homogêneas. Para suprimir as bolhas que tendem a se formar no molde, coloque a vasilha numa câmara de vácuo, na qual, a 29 mmHg (ou 3.866,44 Pa, no sistema internacional de unidades – SI), a desaeração completa ocorre em cinco minutos após a formação da espuma (para que se possa realizar a desaeração a vácuo, o volume da vasilha deve ser pelo menos quatro vezes maior que o da quantidade de silicone). Se não possuir uma câmara de vácuo, coloque a vasilha sobre um vibrador, desses usados pelos protéticos, e só a retire quando cessar ou rarear bastante a afloração de bolhas. Não lhe sendo possível contar com nenhum desses instrumentos, deixe a mistura repousar por dez minutos antes de utilizá-la.

Em qualquer caso, pode-se prevenir a formação de bolhas prejudiciais pincelando as reentrâncias da pedra com a mistura. Se surgirem bolhas, quebre-as com um palito, e aguarde por cinco minutos antes de executar o passo seguinte. Não se esqueça de lavar bem o pincel com água e sabão ao término da pincelagem.

VI – Verta lentamente a borracha no pré-molde, o mais próximo possível do topo da pedra, para evitar a formação de bolhas de ar, e deixe-a curar por 24 horas à temperatura ambiente. Se você teve o cuidado de aplicar a vaselina ao pré-molde, como explicado no item II, acima, não será difícil retirar dele o conjunto todo: base de gesso, pedra e molde. Feito isto, separe com cuidado o molde da pedra, puxando-o lenta e continuamente. Nessa operação, não use instrumentos afiados ou pontiagudos e evite movimentos bruscos, para não danificar o molde.

VII – Para fazer uma cópia da pedra, siga as instruções do item 5 do tópico anterior. Deixe a réplica no molde até o gesso secar o suficiente para ser manuseado, o que, se observada a proporção de 1:1 na diluição, deverá ocorrer em pouco mais de uma hora. Destaque réplica do molde e fixe-a no lugar desejado com cola de PVA, ajustando-a ao relevo subjacente com pedaços de atadura gessada, que se adquire em lojas de artigos hospitalares, e aplicação de massa acrílica, como ensina Balan Filho. Segundo ele, suas montanhas são feitas com atadura gessada, que, quando seca, aceita muito bem a aplicação de massa acrílica a pincel. Colocando mais ou menos massa, pode-se definir uma grande variedade de texturas em volta das pedras e nos barrancos, com efeitos surpreendentes na fase da pintura, como você mesmo poderá verificar, acessando o blog dele: http://www.ferreomodelismo.blogger.com.br/

Vantagens e desvantagens dos métodos de moldagem

Látex — A utilização do látex na fabricação de moldes apresenta as seguintes vantagens para os ferromodelistas:

— desnecessidade de catalisadores;

— possibilidade de aplicação “a fresco”, ou seja de fixar a réplica no local desejado minutos depois do vazamento do gesso no molde;

— dispensa de aglutinantes para a fixação e de retoques posteriores, pois na aplicação “a fresco” (ver item 6 do tópico Moldagem com látex) a base da réplica se amolda ao relevo subjacente previamente umedecido e adere naturalmente a ele.

A antiga desvantagem da demora na cura de cada camada foi bastante minimizada com a redução do tempo de espera de 24 para 1 hora apenas, graças à técnica de pré-vulcanização.

As desvantagens persistentes consistem na possibilidade de deformação da réplica na fixação “a fresco”, por excesso de pressão, e na do próprio molde, por falta de cuidados no seu armazenamento.

Borracha de silicone — Eis, a meu ver, as vantagens do uso de borracha de silicone:

— rapidez na execução do molde: salvo um primeiro pincelamento, opcional, o produto é despejado de uma só vez sobre a pedra original, no pré-molde;

— paredes suficientemente espessas para a) evitar deformação da réplica, b) conferir maior durabilidade ao molde e c) dispensar cuidados especiais no seu armazenamento.

Desvantagens:

— exigência de catalisador para a cura, cujo uso incorreto pode inutilizar o trabalho;

— necessidade de balança especial para a pesagem do catalisador na execução de pequenos moldes (ver item IV do tópico Moldagem com borracha de silicone);

— tempo de cura muito longo (mínimo de 24 horas);

— impossibilidade de aplicar a réplica “a fresco” (ver item 6 do tópico Moldagem com látex).

Nota: Segundo meu amigo Newton Carvalho, artista plástico com larga experiência na execução de moldes de borracha de silicone, pode-se reduzir o tempo de cura para pouco mais de uma hora, usando o dobro do catalisador prescrito para determinada quantidade do produto. Esse procedimento permite aplicar o silicone a trincha sobre a matriz, daí resultando um molde de paredes finas, tão finas que precisa ser “acamado” (ver, acima, o segundo parágrafo da introdução ao tópico Moldagem com látex) para não se deformar ao receber o gesso diluído.

Não testei tal técnica, mas cumpre-me advertir a quem se interessar por ela que a secagem superacelarada acarretará a redução do tempo de manuseio da borracha de uma hora pelo menos, na dosagem correta, para alguns minutos apenas. Assim, na cura acelerada, as demãos de silicone deverão ser dadas com a maior rapidez possível, sob pena de não cobrirem devidamente a matriz.

Conclusões:

· Levando-se em conta as características de utilização normal dos dois produtos, é forçoso concluir pela prevalência do látex, caso os fatores preponderantes sejam o tempo e o preço. No que diz respeito ao tempo de execução, iniciado o procedimento às oito da manhã, a réplica obtida pela moldagem com látex poderá estar fixada na área desejada, pronta para receber cor, no fim da tarde, ao passo que com a técnica da borracha de silicone, isso só virá a ocorrer, na melhor das hipóteses, no início da tarde do dia seguinte. Com relação ao preço, além de custar um pouco menos que a borracha de silicone, a quantidade de látex necessária para a execução de um molde é cerca de dez vezes menor que a de silicone, em se tratando de um mesmo original.

· Considerando-se isoladamente o fator tempo, a borracha de silicone, dada a maior rapidez na execução do molde, poderá superar muito o látex se ficar comprovada a viabilidade da cura acelerada (ver nota ao subitem borracha de silicone, acima), e, melhor ainda, se o molde resultante permitir a aplicação “a fresco”.

· Caso o interesse maior resida no armazenamento do molde para propiciar um grande número de reproduções posteriores, o que, em regra, não ocorre com o ferromodelista amador, a vantagem é da borracha de silicone, sem dúvida alguma.

Adicionando cor às réplicas

È recomendável que a réplica só receba cor após sua fixação na área selecionada, a fim de melhor harmonizá-la com o ambiente. As técnicas mais comuns são a do tingimento e a da pintura, expostas a seguir. Conheço bem a primeira, que aprendi com Dave Frary e usei na minha antiga maquete N; José Balan Filho preferiu utilizar a segunda técnica na sua fantástica maquete HO. O leitor poderá verificar os resultados e eleger a de seu agrado comparando as minhas amadorísticas fotos em http://aemesse.fotos.uol.com.br/maquetes com as do Balan, que parecem feitas por profissional, em http://www.ferreomodelismo.blogger.com.br/.

Tingimento — Nesta técnica, ideal na fixação “a fresco”, as réplicas recebem banhos de aguadas (tintas diluídas em água) para adquirirem a cor desejada, à qual se aplicam pequenos retoques a fim de ressaltar luzes e sombras, em conformidade com os seguintes passos:

1. Prepare com antecedência:

§ a aguada básica diluindo duas colheres de chá de tinta nanquim em meio litro de “água fluida” (ver, acima, intróito ao tópico Moldagem com látex) e sacuda bem a solução;

§ a aguada básica mais escura, usando seis colheres de chá de nanquim para meio litro de “água fluida”;

§ a cor básica da réplica, com tintas solúveis em água (acrílico, guache, látex etc.) ou preparadas por você mesmo com corantes universais, escolhendo a cor que mais se aproxime da cor do modelo: terra de siena, queimada ou natural, marrom, escuro ou claro. Se a cor do modelo tender para o azul, acrescente à básica um pouco de azul de cobalto; se a tendência for para o amarelo: amarelo óxido; se para o vermelho: vermelho óxido ou, caso tendência seja muito acentuada, um vermelho vivo, como o francês; a cor básica é menos diluída que a aguada básica: 1 copo de tinta para 2 de água;

§ a tinta para acentuar o brilho das partes iluminadas da réplica, despejando três colheres de sopa de látex branco em meio copo de cor básica e misturando bem;

§ a tinta para as sombras, acrescentando o equivalente a meia colher de café de nanquim a um copo de cor básica.

2. Assim que remover o molde da réplica aplicada “a fresco”, borrife-a, ainda úmida, com a aguada básica até que esta comece a escorrer (se a réplica estiver meio seca, umedeça-a bem com água pura antes de iniciar o processo; se ficou na bancada por dias, deixe-a de molho em água pura até cessarem as bolhas). Em seguida, borrife ou pincele com a aguada básica mais escura as fissuras, reentrâncias e qualquer outra região que sujeita a sombreamento intenso.

3. Aplique a cor básica, a pulverizador ou a pincel, com os banhos anteriores ainda úmidos, para que as aguadas se misturem, conferindo maior naturalidade ao resultado; a seguir borrife ou pincele a tinta preparada para sombras nas concavidades mais profundas da pedra, sem se preocupar com minúcias, como se apenas estivesse manchando tais áreas.

4. Deixe as aguadas secarem um pouco para pincelar os pontos elevados da réplica (aqueles que, no original, são mais afetados pela incidência dos raios solares) com a tinta preparada para as partes iluminadas.

5. No dia seguinte, confira o resultado do tingimento. Se achar a cor demasiado clara, umedeça a réplica e repita o processo até ficar satisfeito. Se, ao contrário, lhe parecer muito escura, a solução é mais complicada: tente clareá-la com banhos de água pura; se não der certo, como ocorre em 90% dos casos, deixe a réplica secar por um bom tempo e pinte-a, de acordo com a técnica descrita no subtópico abaixo. Tenha em mente que quanto mais tinta a réplica receber menos natural parecerá, de modo que é preferível preparar tinturas claras e a aplicá-las repetidas vezes até chegar ao tom desejado.

Pintura — Por falta de experiência em pintura de réplicas de pedras, a sistemática que se segue baseia-se nas dicas gentilmente fornecidas por José Balan Filho, que utiliza a técnica conhecida como “leopardo”.

1. Depois de seca, a réplica é pintada com tinta látex, nas cores marrom, ocre e amarelo, de acordo com o seguinte procedimento:

§ utilize um pincel ou um pedaço de esponja para fazer pequenas “manchas” sobre a pedra de gesso, usando todas as cores citadas, com mais ênfase para a que dará a tonalidade final da réplica;

§ logo em seguida à aplicação das manchas, como se fosse a pele de um leopardo, misture e suavize as tintas ainda frescas com tinta látex preta bem diluída, aplicada a pincel, até obter o tom desejado; não se preocupe se não conseguir o resultado pretendido na primeira tentativa: repinte a pedra de branco e, depois de seca, refaça o processo até se dar por satisfeito;

§ as partes iluminadas (as que no original os raios solares incidem diretamente, por mais tempo) recebem pequenas porções de tinta branca diluída ou com a cor local clareada (como permitem deduzir as excelentes fotos do Balan).

2. Deixe a pintura secar para, em seguida, impermeabilizar a réplica, borrifando-a com cola de PVA diluída a 1:2 (uma parte de cola para duas de água). Para isso, use um borrifador, facilmente encontrado em floriculturas, em casas de artigos para salões de beleza e até mesmo em lojas de 1,99. Teste a cola diluída com o borrifador, aumentando a quantidade de água até obter dele, sem dificuldade, uma “nuvem” homogênea. Se você puder adquirir ou já possuir matte medium (produto utilizado pelos artistas plásticos para afinar a tinta acrílica), utilize-o no lugar da cola diluída, pois é um excelente impermeabilizante. Balan recomenda que não compre o concentrado, mas o pronto, que ele costuma adquirir por 24 dólares o galão.

3. Após a impermeabilização, estando a cola bem seca, pincele ou pulverize uma camada de tinta preta diluída (mais concentrada que a empregada na pintura básica), cuidando para que preencha as fissuras da pedra de gesso. Logo a seguir, com um pano limpo, remova o excesso de tinta preta, de modo que permaneça apenas nas fissuras e, como um leve sombreado, nas demais reentrâncias da réplica. Nesta etapa, se quiser apressar a secagem, você pode usar um soprador térmico ou um secador de cabelos.

4. No dia seguinte, borrife novamente a réplica com matte medium. Isto irá avivar suas cores, conferindo-lhes um brilho acetinado muito próximo da realidade.

Um comentário:

Sonia disse...

Gostei.Mas acho que se o tutorial fosse subdividido em dois ou três, facilitaria bastante a consulta.