domingo, 25 de outubro de 2009

Ferromodelismo-Fazendo e plantando capim


MAQUETE FERROVIÁRIA

Fazendo e plantando capim.

Antonio Marcello da Silva

(Adaptação do artigo publicado na revista Centro-Oeste 86, de 1/1/1994)

Capim, para os fins deste escrito, significa qualquer planta de altura superior a 50 cm, de folhas acentuadamente ensiformes, que se propague por tufos: melissa ou erva-cidreira, capim-navalha, taboa ou tabua etc.

A técnica para fazer e plantar imitação de capim, exposta a seguir, inspirou-se numa dica de Gordon Odegard, que, por sua vez, se aproveitou de uma idéia de Art Curren, da editora Kalmbach (cf. Model Railroader, agosto de 1991, p. 79). Seu grande mérito está no método proposto: introduzir, pelo meio, pequenas meadas de fios de retrós em orifícios apropriados, com o auxílio de uma chave de fenda ou ferramenta assemelhada.







Material:

1 ripa de pelo menos 50 cm de comprimento (a da foto 2, acima, tem apenas 30 cm para facilitar a composição;

1 bloco de madeira de 10 x 10 x 2cm, aproximadamente;

2 retroses em tons diferentes de verde, de poliamida ou poliéster;

2 pregos 10 x 10;

1 prego 22 x 48;

Sovela reta, chave de fenda pequena, cola branca diluída em água a 1:1, tesoura pequena, pincel redondo de pelos macios no 00 ou 0.

Preparação:

1. Divide-se a ripa em centímetros e, a cada centímetro, traçam-se linhas transversais compridas e curtas, ou pretas e vermelhas, alternadamente. Fixam-se os pregos 10x10 nas extremidades da ripa, como mostrado na foto 2/A.

2. Com uma broca de 5 mm faz-se um furo de ±15 mm de profundidade no centro do bloco de madeira, pelo qual se introduz, sob pressão, o prego 22 x48, com a cabeça previamente serrada. O conjunto forma um suporte que facilitará o manuseio concomitante dos dois retroses (foto 2/B).

Como fazer:

1. Colocados os retroses no suporte, amarram-se as extremidades dos fios num dos pregos 10 x 10 e passam-se as linhas de um para outro prego, tantas vezes quantas forem necessárias para se obter um bom tufo de capim. Na montagem apresentada na foto 2/A, foram feitas oito voltas, daí resultando uma meada com 32 fios e, ao final, tufos de 64 “folhas” de capim.

2. Sobre cada marca curta (ou vermelha) da ripa amarra-se a meada com um nó firme, usando para tanto uma das linhas escolhidas para o capim.

3. Terminada a amarração, cortam-se os tufos, tendo como gabarito as linhas longas (ou pretas). É óbvio que após o primeiro corte a meada cai sobre a ripa, mas isso não impede que se continue seguindo a marcação para os demais cortes.



Como plantar:

A “plantação” do capim se desenvolve em cinco etapas, de acordo com a sequência de desenhos acima:

1. Com a sovela, abre-se uma “cova” no solo, um orifício ligeiramente maior que o diâmetro do tufo dobrado ao meio.

2. Aplica-se uma gota da cola diluída no orifício, usando-se o pincel, que oferece maior precisão que qualquer conta-gotas.

3. Pinça-se um tufo de capim, posicionando-o sobre a “cova”, de modo que o nó coincida com o centro dela.

4. Com a chave de fenda empurra-se o tufo até a profundidade desejada.

5. Retira-se a chave de fenda com cuidado, evitando girá-la para não se emaranhar nos fios e arrancar o capim ao sair.

Observações:

1. A divisão em centímetros da ripa mostrada na foto 2/A destina-se confecção de capim de médio a alto, na escala Z (1:220), e de médio a baixo, na escala N (1:160), considerando-se que, depois de dobrado meio, o tufo deverá ser “enterrado” a pelo menos 2 mm de profundidade.

Para capim N alto e, na escala HO (1:87), de médio a baixo, a divisão deverá ser de 15 em 15mm; para capim HO alto, de 25 em 25 mm.

Quanto maior a ripa, tanto mais rápida a produção. Utilizando uma ripa de 80 cm, consegui fabricar mais de 1.000 tufos num único fim de semana. Mas, acima de 80 cm o trabalho torna-se difícil.

2. O corte da meada não deve ser perpendicular ao eixo da ripa, mas inclinado a ± 45°, ora num sentido, ora noutro, de modo a resultar tufos com “folhas” de vários tamanhos, como mostra a foto 2/C.

3. O retrós de algodão é brando demais, só devendo ser usado grama ou capim muito baixo. O retrós de poliamida é mais rijo que o de poliéster, sendo o indicado para imitar taboas (ou tabuas) como as “plantadas” no lago da foto 1, ao fundo, à direita. Para as moitas de melissa que vicejam ao longo da ferrovia, em verde bem mais claro, empreguei o retrós de poliéster.

4. Podem-se usar mais de dois retroses, desde que se substitua o prego 22 x 48 por um pedaço adequado de vergalhão de 3/16. Tanto o prego quanto o vergalhão podem ser substituídos por um pauzinho roliço de diâmetro não superior a 6 mm.

5. Para improvisar uma sovela, fixe um prego de 12 x 12 na extremidade de uma vareta, como se vê na foto 2/D. O prego 12 x 12 tem 1,9 mm de diâmetro, ideal para fazer covas para tufos de 64 “folhas”, cujo diâmetro, na altura do nó, é de aproximadamente 1,8 mm.

Se o terreno da maquete for assentado diretamente sobre madeira, ou se o capim for “plantado” sobre resina (como no lago da foto 1), deve-se usar uma broca de 1,9 ou 2 mm para fazer as “covas” destinadas a tufos de 64 “folhas” de linha sintética. No caso da resina, fixa-se o tufo com Super Bonder, ou cola assemelhada, levada à “cova” na ponta de um palito de dentes.

6. A chave de fenda que se vê na foto 2/E, parcialmente reproduzida no desenho, comumente usada por relojoeiros, pode ser substituída por outra qualquer, de tamanho adequado e chanfro paralelo ou por uma adaptação feita com prego, arame ou até mesmo madeira rija, como a peroba.

Um comentário:

Viçosa Cidade Aberta disse...

Vou linkar no meu blog, que tem como um dos destaques a questão ferroviária urbana.